MATÉRIA PARA SER PESQUISADO E ESTUDADO

 

Batalhão de Operações Policiais Especiais (PMERJ)

 

  BOPE foi criado em 19 de janeiro de 1978, pelo Boletim da Polícia Militar n° 014 da mesma data [1] como Núcleo da Companhia de Operações Especiais (NuCOE), através de um projeto elaborado e apresentado, pelo então Capitão Paulo César Amêndola de Souza ao Comandante-Geral da PMERJ, Coronel Mário José Sotero de Menezes. Funcionando nas instalações do CFAP-31 de voluntários e subordinado operacionalmente ao Chefe do Estado-Maior da PMERJ. Pelo Bol da PM n° 33, de 07 de abril de 1982, por resolução do Comandante Geral da PM, o núcleo da companhia de operações especiais passou a funcionar nas instalações do Batalhão de Polícia de Choque, fazendo parte da orgânica daquela unidade e recebendo a designação de Companhia de Operações Especiais – COE. Em 27 de junho de 1984, através da publicação em Bol da PM n° 120, a COE passou a ser denominada Núcleo de Companhia Independente de Operações Especiais – NuCIOE, funcionando nas instalações físicas do Regimento Marechal Caetano de Farias, ficando subordinado apenas administrativamente ao BPChq, retornando sua subordinação operacional ao chefe do EMG. Posteriormente, pelo Decreto-Lei n° 11.094 de 23 de Março de 88, foi criada a Companhia Independente de Operações Especiais – CIOE, com suas missões próprias em todo o Estado do Rio de Janeiro, que seriam determinadas pelo Comandante Geral. Finalmente pelo Decreto n°16.374 de 01 de Mar 91 deu-se a criação do Batalhão de Operações Policiais Especiais – BOPE, ficando extinto a CIOE. Em 2000 ganhou instalações próprias, localizadas no Morro do Pereirão, no bairro de Laranjeiras, na zona sul da capital fluminense. Atualmente o emprego do BOPE em situações criticas ou missões especiais está regulado pela nota de instrução n°004/02 – EMG, estando a unidade subordinada administrativamente e operacionalmente ao Comando de Operações Especiais da PMERJ[2].

[editar]Progressão em favelas

Esta técnica foi desenvolvida no Brasil pelo BOPE, Batalhão de Operações Policiais Especiais da Polícia Militar, pela necessidade de agir no caos das ruas estreitas de favelas e morros da cidade do Rio de Janeiro. As favelas se tornaram uma área hostil à polícia devido ao crime organizado, e era um grande obstáculo para as ações policiais, pois normalmente os criminosos possuem uma visão privilegiada posicionando-se estrategicamente nos morros. O BOPE conquistou o respeito de unidades militares estrangeiras por agir nesses ambientes urbanos de alta dificuldade.

[editar]O Caveirão

Policiais Militares do BOPE e da CIPM cães em treinamento de resgate de reféns.

O BOPE possui veículos blindados, popularmente conhecidos como "Caveirões", utilizados, principalmente, em operações onde há conflitos com narco-traficantes. Os blindados têm capacidade para uma guarnição de 12 homens, e não possuem armamento próprio, sendo o seu poder de fogo constituído pelas armas da própria guarnição. O chassi utilizado nos veículos é o mesmo encontrado no caminhão Ford Cargo 815, considerado inadequado por especialistas, uma vez que o peso do veículo, com a guarnição completa, supera as 8 toneladas de peso bruto para a qual o chassi foi projetado.

A principal finalidade dos veículos blindados é proteger a vida dos elementos da guarnição e romper as barreiras físicas utilizadas pelo narco-tráfico. Os blindados são essenciais ainda no apoio ao resgate de unidades policiais encurraladas e na remoção de feridos dos cenários de confronto.

 

 

Policiais Militares do BOPE em treinamento.

 

[editar]Ingresso

Para ingressar no BOPE, o candidato deve ser policial militar da PMERJ há pelo menos dois anos, possuir excelente condicionamento físico, assim como ser aprovado nas avaliações física, médica e psicológica. São oferecidas duas modalidades de curso, para as duas atribuições da unidade:

  • Curso de Operações Especiais (COEsp), com duração de três a seis meses, visando preparar o policial para intervenções em áreas de conflito e ao resgate de reféns.
  • Curso de Ações Táticas (CAT), com duração de cinco semanas, que é uma síntese do curso de operações especiais. 

 

Treinamento

Os cursos oferecidos são:

  • Invasões Táticas;
  • Entradas Explosivas;
  • Patrulhamentos Urbanos;
  • Operações Anfíbias;
  • Controle de Distúrbios Civis;
  • Patrulhamento Tático.

 

Companhia de Operações Especiais

No início da década de 1960 foi estabelecido entre os governos do Brasil e dos EUA, o Programa de Cooperação denominado Aliança para o Progresso. Esse programa era uma resposta à Revolução Cubana, e visava a melhoria da estrutura básica nos países latinos americanos, particularmente a de Segurança Pública (Projeto Ponto IV).

No Paraná, nesse período o representante norte-americano no Brasil, Lauren D. Mullins, repassou viaturas (pick-up Willys e Jeeps), rádios portáteis e outros equipamentos, e pessoalmente indicou o Capitão Goro Yassumoto para realizar curso de especialização no Fort BraggCarolina do Norte, EUA.

Com o retôrno do Capitão Goro em 1964, este oficial recebeu a missão do Comando Geral de criar uma unidade de operações especiais na Polícia Militar do Paraná. O Capitão Goro então escolheu como seus auxiliares, e comandantes de pelotão, os tenentes: Douglas Villatore,Sony Martins e Dirceu Rubens Hatchback; e a Companhia de Operações Especiais foi oficialmente instituída em outubro de 1964,[3] como 5ª Cia do Batalhão de Guardas.

Em 04 de julho de 1965 a COE adquiriu autonomia e passou a subordinar-se diretamente ao Comando Geral.

[editar]Corpo de Operações Especiais

Brasão do COE.

Em 5 de setembro de 1967 a COE foi transformada em Corpo de Operações Especiais, composto por três companhias.[4]

Na origem, o COE foi essencialmente uma unidade de contra-guerrilha, mas também foi onde surgiu alguns policamentos especializados que permanecem até os dias de hoje.

  • Operação Praias[5]
Reforço de policiamento no litoral do Estado devido ao aumento de população na temporada de veraneio. Atualmente, em 2010, esse policiamento é denominado Operação Verão e se estende a todo o Estado.
  • Rondas Ostensivas de Natureza Especial
A RONE foi criada na década de 1970 para atuar no combate a grupos criminosos fortemente armados; bem como em apoio aos demais Batalhões de Polícia Militar. Após a transferência do COE para oRegimento de Polícia Montada, esse policiamento permaneceu atuando até a criação do Policiamento Modular; sendo então designado como Patrulhamento Tático Móvel (Patamo). Em 1992 essa atividade voltou a receber sua antiga denominação na Companhia de Polícia de Choque.
  • Policiamento Cinotécnico
O Núcleo de Cinofilia da PMPR foi implantado em 14 de dezembro de 1971, anexo à 3ª Companhia do COE.
  • Patrulha Disciplinar (PD)
Policiamento voltado para o efetivo interno, semelhante ao serviço executado pela Polícia do Exército. Permaneceu na Cia P Choque e posteriormente foi extinto ao final do Governo Militar.

[editar]Base Operacional de Canavieiras

Em 1972 foi concedido à PMPR seiscentos alqueires na Serra do Mar, para a construção de uma Base Operacional do COE. Ela estava situada no Município de Guaratuba, na confluência dos rios Caçadas e Panela, a 89 km de Curitiba. Essa base tornou-se uma excelente base de treinamento, pois a região era de difícil acesso, com mata fechada e montanhosa, e alta taxa de pluviosidade.

Em 1980 o efetivo passou ao controle do Batalhão de Polícia Florestal, mas a base permaneceu usada para treinamento nos cursos de operações especiais. Em 2005 foi definitivamente desativada, passando ao controle do IBAMA.

[editar]Lema do COE

Primus Inter Pares (primeiro entre iguais).

Em 1973 o COE sofreu uma remodelação, visando sua transformação em Batalhão de Polícia de Choque; composto pela soma de seu efetivo com um esquadrão de polícia montada.

Essa fusão de unidades, COE e RPMon, ficou internamente conhecida como "o casamento que não deu certo", pois as Unidades possuíam fortes rivalidades e se hostilizavam mutuamente.

[editar]Companhia de Polícia de Choque

Brasão da Cia P Chq.

Em 1976 foi determinada a criação da Companhia de Polícia de Choque (Cia P Chq) com a 1ª Companhia do Corpo de Operações Especiais,[7] subordinada administrativamente ao Batalhão de Guardas e operacionalmente ao Comando de Policiamento da Capital. A OPM foi ativada em dezembro de 1976[8], tendo como primeiro comandante o 1° Tenente Eugênio Semmer.

Em 1977 a Companhia foi reforçada com o Canil,[9] até então subordinado ao Regimento de Polícia Montada.

Unidade foi oficialmente constituída em 19 de abril de 1977,[10] data a partir da qual se passou a comemorar o seu aniversário de criação.

[editar]Missão da Cia P Choque

A missão da Cia P Choque eram as ações de controle de distúrbios civis e repressão a rebeliões ou motins empresídios, mas também realizava operações preventivas em áreas críticas e dava apoio ao policiamento básico. Seu efetivo estava subdividido em pelotões, os quais permaneciam aquartelados em prontidão, vinte e quatro horas por dia.

 

 

Batalhão de Polícia de Choque

A partir de 1988 a Cia P Chq passou a ser remodelada para se transformar em Batalhão de Polícia de Choque; sendo seu efetivo reforçado com dois novos pelotões a serem redistribuídos em três companhias.

  • 1ª Companhia de Polícia de Choque
Patrulhamento Tático Móvel - PATAMO
  • 2ª Companhia de Polícia de Choque
Operações Especiais - COE
  • 3ª Companhia de Polícia de Choque
Policiamento com Cães - Canil
PMPR Choque rone.PNG
RONE[12]
COE88 PMPR.PNG
COE
PMPR Choque canil.PNG
CANIL

Entretanto, apesar da estrutura ter sido formada, devido às conjecturas do pós-abertura política, o governo estadual não oficializou a criação da nova OPM, alegando que seria uma corporação de repressão política. A estrutura operacional não foi desativada, e a "companhia" passou a ser comandada por um major; subdividida em "policiamentos", comandados por capitães.

[editar]Rondas Ostensivas de Natureza Especial

Viatura da RONE/BOPE, PMPR.

Em 1988 havia sido ativado o Patrulhamento Tático Móvel (PATAMO). Em 1992 o PATAMO foi transformado em Rondas Ostensivas de Natureza Especial (RONE). A RONE se constitui basicamente em uma tropa especializada em combate à criminalidade violenta; tais comoroubos executados por quadrilhas e gangueslatrocínioextorsão mediante sequestro e tráfico de entorpecentes. Sua missão é atuar extensivamente nos bairros onde os índices de criminalidade são mais altos, através de operações de batida policial, bloqueio, presença e cercos policiais.

A RONE atua com viaturas de médio porte, guarnecidas com quatro ou cinco policiais militares, com armamentos e equipamentos específicos; possuindo forte capacidade de ação e reação, principalmente por meio de abordagens e buscas pessoais, na repressão e prevenção decrimes. A unidade atua ainda em controle de distúrbios civis, defesa e retomada de pontos sensíveis, escoltas de dignitários e numerários, e outras atividades de manutenção da ordem pública.

[editar]Comandos e Operações Especiais

Comandos e Operações Especiais atua especificamente em ocorrências que envolvam reféns ou grupos fortemente armados, ou ainda, em situações que exijam equipamentos e armas especiais.

Em 1987, um frustrado assalto a banco na cidade de Goioerê, interior do Paraná, tomou a atenção dos jornais de todo o país, pois as pessoas que se encontravam dentro da agencia bancária tornaram-se reféns dos marginais. A situação perdurou por dias e muitos erros foram cometidos; causando constrangimentos à polícia paranaense.

Em Curitiba, o então comandante da Cia P Choque, Major Valter Wiltemburg Pontes, oficial veterano do antigo Corpo de Operações Especiais, se dirigiu ao comandante do Comando de Policiamento da Capital (CPC)Coronel Wilson Odirley Valla, solicitando apoio para criar um pelotão de operações especiais semelhante à SWAT estadunidense.

Após um período de treinamento e seleção, o pelotão foi ativado em 4 de julho de 1988; e recebeu a denominação de COE (Comandos e Operações Especiais), em homenagem ao antigo Corpo de Operações Especiais (1964 a 1976). O Oficial escolhido para comandar o referido pelotão, foi à época, o 2º Tenente Nerino Mariano de Brito, dando início prático aos trabalhos.

Desde a formação o COE passou por diversas configurações, porém, sempre constituído pelas seguintes equipes básicas: equipe de negociação; equipe de assalto; equipe de atiradores; e equipe antibomba.

Equipe Anti-bomba da COE/BOPE, PMPR.

[editar]Equipe de Negociação

É a equipe principal. Constituída por psicólogos e pessoal com especialização na área, procura de todas as maneiras resolver a situação através do diálogo.

[editar]Equipe de Assalto

Localiza, identifica e neutraliza marginais armados, com ou sem reféns em seu poder, e realiza ações em edificações, veículos, ou campo aberto. O emprego da Equipe de Assalto é condicionado ao:

  • Perigo iminente à vida de inocentes dentro ou fora do cativeiro;
  • Execução sumária de algum refém por parte do sequestrador;
  • Fracasso de todas as possibilidades de negociação.

[editar]Equipe de Atiradores de Precisão

Coleta informações, neutraliza marginais armados através do tiro seletivo, provê apoio de fogo e realiza ações anti-material.

[editar]Equipe Antibombas

Localiza, remove e desativa artefatos explosivos de ordem delituosa, e realiza varreduras preventivas em locais ou eventos.

[editar]Canil Central

O Canil Central é o órgão responsável pela coordenação e controle do Serviço de Cinofilia da Polícia Militar do Paraná. Em 1977 o Canil passou a subordinar-se à Companhia de Polícia de Choque. Na mesma data foi instituído o Sistema de Manutenção de Cães;[13] no qual foi estabelecido que o Canil da Cia P Choque seria o difusor de doutrinas de treinamento e centro de criação de cães, de todos os canis da corporação.

 


 

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Cursos do BOPE
 
Para ser um dos homens do BOPE é preciso passar uma temporada no inferno. Isto acontece no Curso de Operações Especiais (COEsp), com duração de três a seis meses, visando preparar o policial para intervenções em áreas de conflito e ao resgate de reféns. Este curso é reconhecido nacionalmente por todos os Órgãos de Segurança Pública, como sendo um dos cursos de maior responsabilidade ao nível de Comandos, capaz de possibilitar a seus Oficiais e Praças concludentes, executar e planejar missões especiais que venham a exigir elevado preparo técnico e psicológico, com vistas à atuação dirigida para as ações no Campo da Segurança Pública. Ele é oferecido para Oficiais e Praças da PMERJ, mas também oferece vagas para Oficiais e Praças de todos os Estados do Brasil que solicitarem, já tendo formado operações Especiais para: as Polícias Militares de Estados do Pará, Espírito Santo, Amapá, Mato Grosso, Paraíba, Bahia, Maranhão, Santa Catarina, Pernambuco, Paraná, Rio Grande do Sul, Minas Gerais, Alagoas, Sergipe, Distrito Federal e inclusive para os integrantes das Forças Armadas, Polícia Civil e Carabineiros do Chile.
 
A dureza do treinamento não é à toa. Formar-se ‘caveira’ significa atingir o mais completo nível na área de segurança pública. No currículo, constam aulas de gerenciamento de situações de risco, mergulho, rapel, negociação de reféns, montanhismo, sobrevivência, técnicas especiais de tiro, explosivos, combate corpo a corpo e em áreas de alto risco, entre outras modalidades. Cada curso é preparado com dois anos de antecedência. A estrutura conta com 80 PMs se revezando nas instruções.
 
Alunos, os "aspiras", do Curso de Operações Especiais (COEsp), Antes do treinamento, recrutas passam por uma série de palestras para se ambientar ao que está por vir. Eles recebem informações sobre os exercícios e até como organizar as contas e a rotina da família durante os seis meses de ausência.
 
Durante duas semanas, os alunos dormem no máximo duas horas por dia. Acostumam-se a levar socos e tapas na cara e comem uma mistura de arroz, feijão, carne e massa jogada no chão. Os alunos também fazem provas escritas no escuro e em ônibus em movimento, tratam feridas com sal e passam madrugadas na água fria de uma represa. Como num ritual de iniciação de uma tribo de índios ou de uma seita religiosa, esses dias darão ao aluno outro comportamento, uma nova concepção de mundo e até outra forma de enxergar a si próprio.
 
Toda polícia de elite tem cursos específicos para seus novos integrantes. Geralmente duram de um a dois meses e formam policiais especializados em negociação com seqüestradores, resgate de reféns, desarmamento de bombas ou tiro de precisão.
 

O "Cemitério" dos aspiras mortos: quem não passa no curso deposita lá seu número de guerra. Os ‘caveiras’ gostam de espalhar a lenda de que as ‘almas’ de quem partiu ficam vagando pelo vale de Ribeirão das Lajes, até que o policial passe no curso e a resgate. “O aluno passa por um ritual de desligamento não para ser humilhado, mas para carregar dentro dele a vontade de querer voltar e fazer o seu melhor”, explicou o capitão Marcelo Corbage. As sensações são ainda mais intensas para quem volta para casa sem a missão cumprida. Os ex-alunos passam por entrevista e acompanhamento psicológico oferecido pelo Bope, para diminuir a frustração.

 
As três badaladas fúnebres no sino representam a ‘morte’ do aluno. É o fim da linha no Curso de Operações Especiais para quem não aguentara o rigoroso treinamento ou não se sai bem nas avaliações. O ritual de quem deixa o acampamento é cercado de simbolismo, como um funeral de verdade. Em um pequeno cemitério, o ex-recruta deposita a lápide com o número de guerra. À frente dos túmulos, uma placa dispensa explicações: “Aqui jazem os fracos”.
 
No Rio de Janeiro, também é assim: o Curso de Ações Táticas (CAT), e que tem duração de cinco semanas, e é uma síntese do curso de operações especiais, foi criado justamente após a trapalhada do BOPE durante o seqüestro do ônibus 174, em junho de 2000, quando o seqüestrador e uma refém acabaram mortos. Só que, enquanto os batalhões de elite do resto do Brasil e do mundo param nas operações com reféns, no Rio, o domínio dos morros por traficantes exigiu policiais ainda mais especializados. No Curso de Operações Especiais (Coesp), que dura até 5 meses, eles passam por um treinamento que a principio foi inspirado nas técnicas de combate a guerrilhas que o Exército usou nos conflitos do Araguaia, na década de 1970, além das táticas de fuzileiros navais das Marinhas brasileira e americana. “O que potencializou o treinamento do BOPE foi juntar técnicas de guerra para as operações urbanas nas favelas”, afirma Paulo Storani, secretário municipal de Segurança de São Gonçalo (RJ), ex-capitão do BOPE e um dos criadores do Coesp. Recentemente houve uma mudança de filosofia, segundo o tenente-coronel Paulo Henrique Azevedo de Moraes muita coisa mudou no COEsp nos últimos anos: “Tinha muitos reflexos da filosofia do Exército, de uma época linha-dura. Mudamos o planejamento, aumentamos o nível de conhecimento dos instrutores. Fomos buscar intercâmbio com outras forças para oferecer o que há de melhor. Temos que estar sempre um passo à frente para que o serviço prestado à população tenha qualidade máxima”.
 
Em 2006, de 34 inscritos, apenas 11 conseguiram se formar. Noventa por cento dos que abandonaram caíram nos 15 primeiros dias. Esse período, apelidado de Semana do Inferno, começa com uma aula inaugural em que o aluno passa por uma longa seção de tapas e socos. Depois, mesmo encharcado e com frio, o policial tem de seguir nos exercícios, que podem durar até 3 horas dentro da água. Às vezes isso acaba em tragédia: em 2003, um tenente morreu vítima de afogamento após sofrer hipotermia. Também andam horas a cavalo a ponto de ficarem com as nádegas e as pernas cheias de bolhas e feridas. Para que os ferimentos não inflamem eles sentam em bacias com água e sal grosso (salmora). Dizem que dói tanto que muitos chegam a desmaiar.
 
O braçal, o uniforme e a boina preta são motivos de orgulho dos policiais militares do BOPE
 
Para o BOPE, as surras servem para duas coisas. Primeiro, dissuadir soldados pouco determinados. “A Semana do Inferno visa separar o joio do trigo”, diz o tenente-coronel Alberto Pinheiro Neto, que foi comandante do batalhão. Segundo, para que eles percam noções de hierarquia, conforto e humilhação, mantendo a sobriedade em situações- limite. A experiência de dar ou levar um soco na cara deixa de ter o significado que tem para pessoas comuns. “No curso, a auto-estima passa a valer mais que o sono e a alimentação”, diz o ex-capitão do BOPE Rodrigo Pimentel, um dos autores do livro Elite da Tropa, que inspirou o filme Tropa de Elite.
Mas a rigidez tem um efeito colateral – estimular a violência desmedida. Talvez por isso haja tantas denúncias de torturas cometidas pelo Bope (veja na página 66). E não são só ongs de direitos humanos que pensam assim. “O treino deve ser rigoroso, mas dar tapa na cara e ofender só serve para satisfazer instrutores sádicos”, diz David Ribeiro, ex-coronel da PM de São Paulo e hoje um psicólogo que estuda a mente dos policiais.
 
Talvez a truculência do curso possa ser explicada pelos rituais de iniciação descritos pela antropologia. Se índios pintam o corpo, os aspirantes têm o cabelo raspado e mudam de nome (passam a se chamados por números: 01, 02, etc.). “Esse é o processo de separação, em que eles perdem a identidade antiga e iniciam um período de conquista de uma nova identidade para si próprios”, diz Paulo Storani, autor de uma dissertação de mestrado sobre a construção da identidade do policial do BOPE.
 
Depois de deixar os costumes antigos, vem a hora de aprender um novo jeito de ser. Os alunos passam por uma jornada de aulas técnicas, quando aprendem montanhismo, mergulho e, claro, aulas de tiro em movimento, em favelas montadas com lona. “Nessa fase, o aluno também recebe os novos valores que vão identificá-lo como policial de elite, como as canções do batalhão e o jeito de falar”, diz Storani.
 
Com o fim do curso, o policial enfim tem direito a vestir a farda e a boina pretas e o braçal – motivo de orgulho. “Não dá para traduzir como a boina preta e o braçal são importantes para nós”, diz um policial da Rota de São Paulo, que também adota um uniforme assim. No BOPE, outro símbolo de identidade é o emblema da faca na caveira. Pode parecer infantil e estranho um grupo criado para assegurar a paz ter uma caveira como símbolo. Mas ela faz todo sentido para eles. Significa a ação vitoriosa e rápida (da faca) sobre a morte (a caveira). O símbolo também os diferencia na hora mais importante: o ataque.
 
Os membros do BOPE são profissionais extremamente bem preparados e prontos para operarem nos morros cariocas, considerados um dos cenários mais difíceis de lutar pois são densamente povoados, repletos de becos e vielas e o inimigo, fortemente armado, combate descaracterizado em meio a população civil.
Os homens que fazem o curso e aspiram uma vaga no BOPE são avaliados, durante os treinamentos, em onze critérios:
 
• Controle emocional
 
• Flexibilidade
 
• Agressividade controlada
 
• Disciplina consciente
 
• Espírito de corpo
 
• Iniciativa
 
• Honestidade
 
• Liderança
 
• Lealdade
 
• Versatilidade
 
• Perseverança
 
Estágios
 
Há vários estágios como o Estágio de Técnicas de Abordagens para Oficiais da Corporação, co-irmãs e de polícias estrangeiras; Estágio de Conduta de Patrulha em Áreas de Alto Risco para alunos do Curso de Formação de Oficiais da PMERJ; Estágios de Operações Especiais; Estágios de Prevenção e Repressão a Roubo em Edifícios e Residências; Estágio de Atirador de Escol; Estágio de Segurança de Dignitários para a Câmara Municipal do Rio; Palestras para o Programa Especial de Esforço contra Seqüestros, Estágio de Técnicas Especiais de abordagens para a Polícia Militar do Estado de Pernambuco e Ações Táticas para integrantes da Corporação e também para as Polícias Militares de outros Estados.
 
Treinamento constante
 
Além dos cursos COEsp e CAT, e dos estágios, os homens do BOPE estão constantemente buscando se aperfeiçoar inclusive com intercambio com outras outras unidades, inclusive estrangeiras. Segundo o tenente-coronel Paulo Henrique Azevedo Moraes o BOPE não vive na ilusão de que é a melhor unidade policial do mundo por isso a busca por informações com outras pessoas que dominam outras áreas. Para isso a unidade está se preparando para que os homens tenham um conhecimento básico de inglês, francês e, principalmente, espanhol.
 
Equipamentos e Armas
 
A estrutura física do campo de batalha urbano afeta a utilização de armas e seus calibres, e no caso do Rio de Janeiro, este é um fator agravante, já que se luta uma guerra não declarada contra um inimigo interno por uma força de segurança pública e não militar. Pela sua regra de engajamento a polícia legitimada pelo Estado não está podendo responder com a mesma intensidade e poder de fogo que é recebida pelos traficantes. Em parte, pelo veto do Exército à aquisição de armas de calibre mais pesado como a Ponto 50, necessária à destruição das fortificações construídas pelos bandidos. Para frear a aproximação dos policiais, os traficantes têm reforçado paredes e varandas com concreto, colocando seteiras como pontos de tiros, o que justifica a necessidade de armas de maior calibre. O BOPE em suas ações utiliza basicamente os fuzis dos calibres 5,56 mm e 7,62 mm, além de carros blindados e helicópteros.
 
O Caveirão
 
A PMERJ se tornou referência por empregar efetivamente um veículo blindado no combate urbano no Brasil. O “caveirão” como é chamado, é uma mistura de carro-forte com ônibus blindado. Longe de ser satisfatório, é a única forma de prover segurança à tropa que patrulha as áreas conflagradas, ou em missões de resgate de policiais feridos. Oficialmente esse veículo é chamado de Veículo Blindado de Transporte de Pessoal, mas popularmente é conhecido mesmo como"Caveirão". Os veículos foram adquiridos em 2004 para ser usados contra o crime organizado nas operações realizadas nas favelas. Nesses locais a polícia costuma ser alvo fácil, pois do alto dos morros tem-se uma visão privilegiada de quem entra. Por isso, usar um veículo seguro é vital.
 
Os blindados têm cerca de 3 metros de altura, 5,6 metros de comprimento, e a capacidade para uma guarnição de 11 homens. Além do motorista e do que vai no banco ao lado, um fica em pé logo atrás desses dois, na torre. Ocupam o restante do veículo mais oito homens, sempre sentados: quatro virados para a lateral esquerda, quatro para a direita. O chassi utilizado nos veículos antigos era o mesmo encontrado no caminhão Ford Cargo 815, considerado inadequado por especialistas, uma vez que o peso do veículo, com a guarnição completa e armada, superava as 8 toneladas de peso bruto (o mesmo que uma baleia orca) para a qual o chassi foi projetado. Mesmo assim, pode alcançar uma velocidade de 120 km/h. Na verdade, o Caveirão é um carro-forte, como os que transportam dinheiro de bancos, adaptado para abrigar as tropas do BOPE.
 
Diferente do que a maioria das pessoas pensam, ele não é um carro de combate, ele é um carro de apoio. A principal finalidade dos veículos blindados é proteger a vida dos elementos da guarnição e romper as barreiras físicas utilizadas pelo narcotráfico. Os blindados são essenciais ainda no apoio ao resgate de unidades policiais encurraladas e na remoção de feridos dos cenários de confronto. . Apesar de ser criticado por entidades de Direitos Humanos, o Caveirão é defendido pelas polícias como medida de segurança aos policiais. De acordo com estimativas da Secretaria de Estado de Segurança Pública do Estado do Rio de Janeiro, o uso desses veículos blindados reduziu pela metade o número de mortes entre os policiais nas operações contra os narcotraficantes.
 
 
A blindagem do veículo "Caveirão" suporta fortes disparos, como os de fuzil 7.62, de submetralhadoras e de algumas metralhadoras. Entre as rodas e os pneus do veículo é instalado um anel, como se fosse outra roda, feita de aço reforçado. Essa blindagem propicia mais tempo caso seja necessária uma fuga. Mesmo se os pneus forem atingidos por tiros, o Caveirão consegue rodar cerca de 20 km, a uma velocidade de 80 km/h. A carroceria é totalmente blindada com chapas de balístico (um aço especial) e mantas de aramida. Entre os vidros há películas de substâncias bem resistentes, como polivinil butiral, policarbonato e poliuretano. Além disso, escudos de aço são baixados sobre o pára-brisa quando se está sob tiroteio. Mas como qualquer veículo blindado, não pode ficar tranqüilamente sob fogo contínuo. Mesmo com toda a proteção que ele oferece, os policiais precisam agir rápido, antes que as avarias sejam tantas que as balas comecem a entrar.
 
 
 
O Caveirão em corte
 
O Caveirão não possui armas acopladas. Os policiais atiram através de 20 seteiras, buracos protegidos por portinholas. O cano das armas se move cerca de 50 graus para cima e para baixo. Mas, como é difícil atirar com precisão,os policiais recebem treinamento para só disparar na hora H.
 
Os policiais atiram através de 20 seteiras, buracos protegidos por portinholas. O cano das armas se move cerca de 50 graus para cima e para baixo.
Nas favelas do Rio, os narcotraficantes têm cavado fossos e colocado obstáculos de concreto, trilhos de trem e pedras para impossibilitar a entrada do Caveirão. A exemplo das condições operacionais enfrentadas pelas tropas da ONU no Haiti, o BOPE teve que incorporar uma máquina escavadeira para fazer a desobstrução das vias para que os blindados pudessem passar: é a engenharia de combate sendo utilizada pela primeira vez em ações policiais no Brasil.
 
Os veículos se caracterizam por sua pintura preta, pelo logotipo do Batalhão de Operações Policiais Especiais da Polícia Militar (BOPE), que apresenta uma caveira com uma adaga encravada e garruchas douradas cruzadas (daí o apelido), e pelo uso de alto-falantes que avisam a chegada do blindado. Seu uso é razão de extrema controvérsia entre setores da sociedade.
 
De um lado, defende-se a continuidade das operações, e mesmo sua ampliação, em razão do papel que teriam para trazer segurança aos agentes da lei. De outro lado, defende-se a abolição imediata das operações, pois as incursões seriam violadoras massivas de direitos humanos segundo estudiosos dos direitos humanos.
 
Veículos policiais especiais usados para intervenções nos guetos, foram inicialmente utilizados na África do Sul, entre 1948 e 1994, pelo regime do Apartheid. Esse tipo de veiculo é costumeiramente usado em países como os EUA para enfrentar bandidos fortemente armados, com os quais uma blindagem comum ou mesmo a falta dessa poderia vir a ocasionar lesões graves a policiais. Seguindo o mesmo preceito, é usado nas favelas da cidade do Rio de Janeiro devido ao armamento usado pelos traficantes: fuzis, granadas e armas antiaéreas.
 
Em 2010, a Polícia do Rio de Janeiro está se preparando para uma nova geração de Caveirões, menores e mais ágeis.
 
Além desses veículos a Unidade de Demolição do BOPE conta com pá mecânica, retroescavadeira, caminhões e trator de esteira, apelidados de "transformers". Essa é uma linha de veículos especialmente encomendados para destruir barricadas do tráfico nas favelas. Antes o BOPE usava equipamentos emprestados, que nem sempre estavam disponíveis e, caso houvesse danos, era preciso arcar com os custos.
 
Galeria de veículos do BOPE:
Um "transformer" usa um rompedor para quebrar obstáculos colocados pelo trafico.
 
 
Um dos "transformers" do BOPE em operação sobe um morro. A cabine é blindada e tem ar-condicionado.
 
O BOPE usa também veículos leves, como pick-ups, para rápidos deslocamentos
Um Trailer é usado para apoio das operações
Apesar de não ter seus próprios helicópteros o BOPE tem capacidade de realizar operações helitransportadas usando para isso helicópteros da PMERJ ou da Polícia Civil.
 

Caminhão Munck do BOPE que pode facilitar o acesso dos caveiras a locais elevados como janelas de prédios.